Viaduto recém-inaugurado no interior de SP fica a apenas 5 centímetros do telhado de casa, e moradores denunciam insegurança
17/06/2025
(Foto: Reprodução) Estrutura inaugurada na última semana liga Sumaré (SP) e Hortolândia (SP). Além de causar problemas estruturais e rachaduras, quem vive no local também fala da falta de privacidade. Viaduto inaugurado em Sumaré causa transtornos por ficar a 5 cm do telhado de uma casa
Um viaduto recém-inaugurado tem sido alvo de reclamações entre moradores da região de Campinas (SP). A estrutura fica a apenas cinco centímetros do telhado de uma casa e, além de provocar rachaduras, tem tirado a privacidade e o sossego da vizinhança.
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Com obras iniciadas em 2022 e um investimento total de R$ 38,1 milhões, o viaduto é de responsabilidade do Governo do Estado e tem 225 metros de extensão. Ele liga a Estrada Municipal Américo Ribeiro dos Santos, em Sumaré, à Avenida Cristóvão Colombo, em Hortolândia.
A construção deveria beneficiar mais de 500 mil moradores da região, otimizando a mobilidade e a logística das empresas de cargas. No entanto, quem vive próximo à estrutura reclama de uma série de problemas, o que inclui (veja mais abaixo, na íntegra, o relato dos moradores):
falta de privacidade e insegurança, pois quem passa pelo viaduto consegue ver o que acontece dentro das casas;
problemas estruturais, uma vez que as casas passaram a registrar rachaduras desde o início das obras.
A Prefeitura de Sumaré (SP) informou em nota que está acompanhando a situação das moradias. Já o Governo do Estado de São Paulo, procurado sobre o problema, apenas enalteceu o investimento (veja a posição na íntegra ao final da reportagem).
Problema foi parar na Justiça
O empresário Genilson Vieira Alves conta que o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) o procurou há cerca de oitos anos, pois precisaria de uma área do terreno dele para construir o viaduto. Pediram cerca de dois metros de cada ponta.
Ele aceitou, pois foi informado que receberia uma indenização, o que nunca ocorreu. Cinco anos depois, o DER voltou a contatá-lo pedindo mais 20 metros. Ele ficou receoso, mas diz que o departamento acabou mudando de ideia e iniciou a obra sem usar o terreno.
Genilson acreditava que o viaduto seria construído com uma certa distância. No entanto, ela passa a cinco centímetros do telhado imóvel. "Da mesma forma que eu já chegou a passar para o lado de lá a pé, um ladrão, qualquer outra pessoa, pode passar também. Ficou muito encostado mesmo", relata.
Viaduto recém-inaugurado no interior de SP fica a apenas 5 centímetros do telhado de casa, e moradores denunciam insegurança
Reprodução
Diante dos problemas, ele entrou com uma ação de indenização por apossamento administrativo ou desapropriação indireta. O Governo de São Paulo recorreu e, atualmente o processo corre em segunda instância.
Genison chegou a conversar diretamente com Tarcísio de Freitas (Republicanos) no dia da entrega do viaduto. Segundo ele, o governador pediu que os assessores anotassem seus dados para analisar a situação, mas não teve retorno.
"Montei um processo muito bem montado, com advogado. Tem fotos, tem laudos. Está tudo no processo. Não é possível que um juiz olhe uma foto dessa e não veja que está errado. Não precisa nem de laudo técnico. Basta olhar a foto", completa.
Estrutura afetada, insegurança e falta de privacidade
Ainda de acordo com o morador, desde o início das obras, a parede da área de lazer, onde há uma piscina e churrasqueira, começou a apresentar rachaduras. O chão também ficou trincado. Outros vizinhos estariam enfrentando problemas estruturais até piores.
"Na época que começou a obra, tinha aqueles rolos compressores, bate-estaca. A vibração era muito intensa mesmo. Tanto que o telhado da casa chegava a escorregar. Eu tinha que subir lá, porque chegou a cair. Ainda bem que minhas crianças não estava no momento".
Preocupado com a desvalorização do imóvel, o vizinho Juscelino Floriano de Matos mostra que precisou amarrar com cabos de aço para que as paredes não caíssem. "Precisava tomar essas medidas, porque se não ia ter um prejuízo maior, perder a instalação de água da residência".
Morador flagrou homem encostado em viaduto com vista para casas
Reprodução/EPTV
O problema não para por aí. Pelo menos oito moradores reclamam que a privacidade da própria casa acabou. Quem usa a passagem de pedestres do viaduto consegue ver, de cima, várias áreas das casas, inclusive, dentro das janelas.
"Perdemos a privacidade. Tem piscina, hoje não posso usar mais. Minha casa virou palco. O pessoal passa ali e fica todo mundo olhando aqui para dentro", diz.
O motorista autônomo Joaquim Luiz Moreira fez imagens que mostram pessoas desconhecidas, principalmente homens, olhando as casas. Ele chegou a colocar uma tela no quintal, mas diz que não adianta. Há quem jogue pedra lá de cima.
"Como a gente tem aqui meninas, moças [netas dele], tira a privacidade. Elas têm que ficar mais lá para frente, não pode ficar no fundo", pontua. O Sérgio dos Santos Brito também está incomodado com a exposição. "Tem uns que passam e penduram [no viaduto] mesmo".
O que dizem a Prefeitura e o Governo do Estado
A Prefeitura de Sumaré disse que acompanha de perto a situação das moradias próximas ao viaduto. Informou também que a obra é de responsabilidade do Governo de SP, por meio do DER, e que seu papel é intermediar o diálogo entre moradores e o estado.
Procurado para comentar o caso, o DER não falou sobre o problema dos moradores. Disse apenas que a estrutura "elimina a antiga passagem em nível sobre a linha férrea existente no local e oferece nova possibilidade de trajeto a região. A realização, sob convênios firmados com as prefeituras, prevê na parte do Governo do Estado a elaboração do projeto e execução das obras".
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