Dia do Automóvel: conheça o Ford T de 100 anos que já participou de novela, foi premiado e é preservado por colecionador no interior de SP
13/05/2025
(Foto: Reprodução) Produzido durante 19 anos, o Ford T se tornou um ícone do início da era automobilística e ganhou fama de produto seguro, simples, confiável e barato. Em Jundiaí (SP), um colecionador mantém em sua garagem um exemplar com impressionantes 100 anos de fabricação. Ford T de 1925 completa 100 anos e é destaque em coleção de empresário de Jundiaí
Uma garagem em Jundiaí, no interior de São Paulo, abriga capítulos da história do automobilismo nacional e internacional. Entre motocicletas e automóveis considerados relíquias, um modelo em especial chama a atenção: o Ford T 1925.
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No Dia do Automóvel, celebrado nesta terça-feira (13), o g1 conversou com o proprietário do veículo, que completa 100 anos de fabricação em 2025. O Ford T chegou às mãos do empresário José Burche, de 59 anos, por um feliz acaso do destino.
"Foi em 2014. Eu fui fazer uma viagem para Gramado (RS) e fiquei vários dias lá. Estava olhando anúncios e vi este 'Fordinho' à venda na cidade de Canoas (RS), perto de Gramado. Cheguei lá, conversa vai, conversa vem, acabei comprando e trazendo para Jundiaí. Quando você vai comprar um carro desse, você tem que, na verdade, não se preocupar muito com o estado de conservação, mas mais com a originalidade dele", explica.
Ford T de 1925 faz parte da coleção de veículos antigos e clássicos de empresário de Jundiaí (SP)
Régis Rosa/TV TEM
Segundo José, o Ford T já fez parte do acervo do Museu da Tecnologia da ULBRA (antigo Museu do Automóvel), localizado em Canoas. Na época da compra, ele desembolsou R$ 70 mil pelo carro. Hoje, estima que o veículo possa valer entre R$ 300 mil e R$ 400 mil. No entanto, como faz questão de frisar, não há dinheiro no mundo que o convença a se desfazer dessa preciosidade.
"Nem que eu quisesse, meu filho não deixaria", justifica.
Aliás, o filho de José, Henrique Burche, é o único que tem a permissão dele para dirigir e também mexer no motor. Não é apenas por ciúmes, mas por cuidado, afinal, conduzir o Ford T exige certo conhecimento do modelo e não é tão fácil para quem está acostumado a dirigir os carros atuais, conforme explica o empresário.
"Não tem nem como outra pessoa dirigir. Os pedais dele são completamente diferentes dos carros tradicionais. Para você ter uma base, onde é a embreagem dos carros comuns, no 'Fordinho' o pedal que seria da embreagem você pisa e o carro vai para frente. Onde é o freio dos nossos carros, esse aqui você pisa, ele vai para trás. E onde é o acelerador nosso, nele é o freio", explica.
Motor do Ford T 1925, carro que pertence ao empresário José Burche, de Jundiaí (SP)
Régis Rosa/TV TEM
O colecionador relata que o Ford T conta com um motor de quatro cilindros, 2.9 litros e 20 cavalos de potência. Tem tração traseira e um câmbio planetário de duas marchas à frente e uma ré, acionado por pedais. A velocidade máxima chega a 70 km/h.
Com quatro portas, o veículo acomoda cinco ocupantes. Conta ainda com uma capota retrátil, que permite transformar o modelo em um conversível. Veja mais detalhes no vídeo acima.
"Um dos detalhes que ele chama bem atenção são os raios das rodas dele, que são feitos de madeira. Ele chama bem atenção das pessoas."
Aros das rodas do Ford T 1925 de José Burche são de madeira, um detalhe que deixa o clássico ainda mais chamativo
Régis Rosa/TV TEM
Segundo Burche, o carro, apesar de antigo, exige pouca manutenção. Mas, para garantir um bom estado de conservação, ele e o filho buscaram conhecer todas as particularidades do modelo.
"A gente mesmo que faz a manutenção nele. Eu não sou mecânico, mas, para ter essas coisas, você precisa conhecer mecânica, se não... Quando a gente comprou, teve que estudar bem o carro, né? Então, por isso que a gente mexe, porque a gente se aplicou em querer aprender a mexer nele, mas não é qualquer um que mexe, não."
José Burche e o filho, Henrique Burche, se dedicam à manutenção dos carros antigos e clássicos
Régis Rosa/TV TEM
Ao longo dos quase 11 anos durante os quais está com José, o veículo já foi usado em muitos passeios em família, sempre chamando atenção por onde passa. Mas, nos últimos meses, o Ford T tem passado mais tempo na garagem, uma medida de precaução para preservar a relíquia e garantir que ela continue em perfeito estado por muito anos.
"Eu usava até mais, mas, como está essa loucura no trânsito aí, eu tenho até medo de colocar esse carro na rua. Com roubo eu não me preocupo muito, porque o cara não vai nem saber ligar ele, só se for um guincho", brinca.
Carro de novela e premiado
Os carros que aparecem em filmes, séries e novelas têm um papel importante na construção dos personagens, do enredo e da ambientação da época retratada. Quando a história se passa em décadas passadas, é comum que a produção use veículos antigos ou clássicos para reforçar a autenticidade do cenário.
Foi a partir dessa necessidade que o carro de José ganhou um espaço na televisão. Ele foi utilizado em uma cena da regravação da novela "Éramos Seis", exibida pela TV Globo entre 2019 e 2020.
Apesar de ter 100 anos de fabricação, o Ford T de José Burche está preservado e é utilizado em passeios curtos
Régis Rosa/TV TEM
"Nós fizemos a gravação em São Paulo (SP), na Lapa. A novela queria um carro desse, desse ano, desse modelo. E, aí, um conhecido meu falou que o meu carro estava funcionando. Eles entraram em contato e a gente fez. O combinado era que eu ou meu filho dirigisse, por isso, acabei participando da cena também, apareci dirigindo", relembra.
Burche também conquistou uma premiação com o carro no Encontro Brasileiro de Autos Antigos de Águas de Lindóia (SP).
Empresário de Jundiaí (SP) coleciona veículos antigos e clássicos há quatro décadas
Régis Rosa/TV TEM
O nascimento da era do automóvel
Fabricado por 19 anos, o Ford T, conforme a própria fabricante americana Ford, é o carro que simboliza o nascimento da era do automóvel. Ele foi apresentado oficialmente por Henry Ford em outubro de 1908. O carro ganhou fama de produto seguro, simples, confiável e barato.
Ainda conforme a Ford, a partir de 1913, Henry Ford desenvolveu o processo de produção em série do Modelo T. Lançado por 850 dólares, o veículo chegou ao último ano de produção, em 1927, custando 290 dólares.
"Esse modelo de carro foi o primeiro fabricado em linha. Tem uma história lá da Ford, do alinhamento com a linha de produção para produzir mais e tal, por isso que é um clássico mesmo, né? E esse carro ele tem aquele lema do Henry Ford que ele fala que os Fords podiam ser de qualquer cor, desde que preto", relata José Burche.
A paixão do colecionador por veículos antigos surgiu na juventude. O primeiro modelo que ele comprou foi uma moto Vespa Italiana, quando tinha 20 anos. Hoje, a coleção do empresário poderia facilmente ser um museu automobilístico.
Além do Ford T 25, na garagem de Burche há um Ford 53, um Opala 73 e um 79, um Chevrolet 48, um Fusca, um Karmann-Ghia, uma moto BMW R51/3 e algumas lambretas. Mas, entre os diversos modelos, o "xodó" do colecionador ainda é o Ford T.
"Eu fiz uma garagem não muito grande, pensando que eu ia parar de comprar as coisas. Eu comecei a comprar demais e, agora, não cabem mais na garagem. Eu tenho tanta coisa que eu preciso até começar a vender. Menos o 'Fordinho'", ressalta.
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