Dia Nacional da Umbanda: terreiros de Sorocaba reforçam acolhimento e luta por respeito

  • 15/11/2025
Dia Nacional da Umbanda: terreiros de Sorocaba reforçam acolhimento e luta por respeito O Dia Nacional da Umbanda, religião legitimamente brasileira, nascida da mistura entre influências africanas, indígenas, católicas e kardecistas, é celebrado neste sábado (15). Em Sorocaba (SP), a data se transforma em um momento de homenagem, reflexão e resistência, especialmente porque os terreiros da cidade convivem diariamente com o desafio de manter viva uma tradição que acolhe, cura e orienta, ao mesmo tempo em que enfrenta o peso do preconceito. Como forma de reforçar a importância da data, o g1 mostra como terreiros e praticantes do município ampliam ações de acolhimento, lidam com a intolerância religiosa e reforçam o valor cultural e social dessa fé. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp A comunicadora e criadora de conteúdo Giulia Vassallo, filha da Tenda Zé Pilintra, terreiro localizado no Jardim Novo Mundo, explica que a data representa um momento de visibilidade, memória e enfrentamento. "Existem muitos olhares tortos, comentários ofensivos e até motoristas de aplicativo que se recusam a atender quando percebem que estou em frente ao terreiro. Esse racismo religioso ainda é muito presente", lamenta. Giulia Vassallo com sua demonstração de fé Reprodução Episódios de discriminação aparecem tanto nas relações cotidianas quanto na estrutura institucional da cidade. A dirigente do Templo Caboclo Jupirama e Exu 7 Encruzilhada, Mãe Viviane, conta que já enfrentou dificuldades até mesmo em processos burocráticos que deveriam ser simples para templos religiosos. "Somos um município laico, mas não existe acolhimento institucional. Em vez de isenção, já chegamos a ter aumento de taxas, porque o templo foi tratado como comércio. A resistência é constante", relata. Os depoimentos reforçam que a intolerância religiosa segue presente de forma silenciosa, mas permanente. Para muitos umbandistas, celebrar o 15 de novembro é reafirmar não apenas a fé, mas a existência. Religião que carrega a história do Brasil Criada oficialmente em 1908, a umbanda é resultado de práticas espirituais muito anteriores, cultivadas por povos escravizados, indígenas e comunidades marginais que encontraram na fé um instrumento de sobrevivência e resistência cultural. Para o mestre em estudos da condição humana e pesquisador de estudos negros de Sorocaba, Wellington Ataide, a religião desempenha um papel muito importa para a sociedade. "São espaços de resistência ancestral e de vivência comunitária, oferecendo acolhimento e servindo como locais onde indivíduos podem compartilhar suas aflições e buscar apoio. Nessas casas, busca-se conforto e orientação junto às mães e pais de santo, em intercâmbios com as entidades incorporadas, como Preto Velho, Caboclo e Pomba Gira", explica. Trabalho de acolhimento Reprodução/Cantinho Preto Velhos Giulia reforça que a umbanda preserva histórias que raramente aparecem nos livros didáticos ou na educação formal. "Eu sempre digo que não dá para falar de umbanda sem falar da construção da sociedade brasileira. É memória e resistência", afirma. Para os praticantes, manter essa memória viva é também uma forma de honrar ancestrais que resistiram ao apagamento cultural e religioso ao longo de séculos. Acolhimento que transforma vidas Apesar dos desafios externos, a essência da umbanda se revela no acolhimento. Em Sorocaba, muitos frequentadores chegam aos terreiros fragilizados emocionalmente e encontram ambientes organizados por voluntários, dedicados à escuta, ao cuidado e ao amparo espiritual. "O terreiro acolhe com palavra, com ervas, com orientação. Muita gente chega quebrada emocionalmente e encontra aqui um espaço seguro para respirar", afirma Giulia. Dia Nacional da Umbanda Reprodução/Cantinho Preto Velhos Para Mãe Viviane, o terreiro funciona como um espaço terapêutico, onde cada atendimento é particular e guiado pela sensibilidade das entidades. "As entidades colocam as pessoas no colo, mostram direção, compreendem erros sem julgar. É isso que faz com que quem chega com dor volte com esperança", afirma. Esse acolhimento, segundo ela, é o que dá à umbanda um papel comunitário fundamental, especialmente em uma cidade onde há uma predominância religiosa cristã. Confira: Sorocaba tem mais igrejas e templos do que escolas, mostra Censo do IBGE; veja mapa Redes sociais ampliam o debate, mas exigem cuidado A presença da umbanda nas redes sociais tem sido essencial para aproximar novos públicos e combater antigos estigmas, principalmente entre jovens que cresceram ouvindo discursos intolerantes. Ao mesmo tempo, essa visibilidade aumenta a responsabilidade de quem produz conteúdo religioso. Rhayan Alessandro é o criador de uma página sobre a religião, sendo hoje um dos maiores perfis relacionados ao tema, com mais de 240 mil seguidores. Nas redes sociais, ele compartilha espiritualidade, mensagens, vivências e conselhos relacionados à religião. Segundo Rhayan, o primeiro contato com a religião pode causar um choque positivo. "A maioria das pessoas se surpreende por não ser julgada e por receber assistência espiritual sem que nada seja cobrado. Em um mundo transacional, a gratuidade e a pureza da caridade do terreiro são um choque positivo." Perfil destinado à cultura umbandista Reprodução/Cantinho Preto Velhos O pesquisador Wellington Ataide destaca o crescimento da umbanda nas redes sociais e diz que elas auxiliam no interesse e percepção dos jovens sobre a religião. "O principal aspecto positivo é você conseguir desmistificar, conseguir trazer conhecimento e retirar esse preconceito, além de ajudar no combate ao racismo religioso. Eu vejo uma potência muito bonita dos jovens passarem a ter um interesse mais sério, a se filiar uma casa, a seguir os preceitos e seguir esse caminho interessantíssimo", relata. Desafios e futuro da umbanda em Sorocaba Os desafios enfrentados pelos terreiros da cidade vão além do combate à intolerância. Há também questões estruturais, como sustentabilidade dos espaços, preservação dos fundamentos e fortalecimento da comunidade. Para os líderes entrevistados, a união entre as casas é o caminho mais seguro para enfrentar essas barreiras. "Meu sonho é ver os terreiros da cidade reunidos como uma grande família por uma única causa: reconhecimento, ancestralidade e respeito", revela Mãe Viviane. Giulia vê o momento atual como uma ruptura com o silêncio histórico. "Não diria que a umbanda está em expansão como algo novo, porque a religião nunca deixou de existir. O que está acontecendo é a quebra do silêncio, as pessoas estão perdendo o medo de falar que são umbandistas. Então, o movimento que está acontecendo é o de reconhecimento e, não, de novidade", conta. Mãe Viviane do terreiro Templo de Umbanda Caboclo Jupirama e Exu 7 Encruzilhada Reprodução Uma tradição que resiste Entre giras abertas, projetos sociais, trabalhos de orientação espiritual e uma presença digital cada vez mais responsável, a umbanda segue viva em Sorocaba, sustentada pela força dos terreiros, pela resistência dos praticantes e pela ancestralidade que atravessa gerações. Para quem celebra o 15 de novembro, a data não marca apenas um capítulo histórico, mas reafirma a continuidade de uma fé que, mesmo diante de preconceitos e desafios, permanece sendo abrigo, memória, identidade e caminho. A umbanda resiste porque, acima de tudo, acolhe. E continua acolhendo porque segue acreditando no que a move desde sua origem: a força da comunidade, o poder da ancestralidade e a luz que nasce do encontro entre fé e humanidade. Oferenda da umbanda Reprodução/giulia.vassalloo *Colaborou sob supervisão de Gabriela Almeida Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2025/11/15/dia-nacional-da-umbanda-terreiros-de-sorocaba-reforcam-acolhimento-e-luta-por-respeito.ghtml


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