'Foi impunidade. Enterrei meu filho pela 2ª vez', diz mãe de Leandro Lo sobre julgamento que absolveu PM que matou no lutador
'Enterrei meu filho pela 2ª vez', diz mãe de Leandro Lo sobre absolvição do PM na Justiça
Fátima Lo, mãe do campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, usou as redes sociais nesse sábado (15) para fazer um desabafo sobre a decisão que absolveu o policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, preso pelo homicídio do lutador em 2022.
Velozo foi inocentado em júri popular, que entendeu que o PM agiu em legítima defesa, tese defendida por seus advogados. Ele foi libertado do Presídio Romão Gomes, na Zona Norte da capital paulista, neste sábado (15).
No desabafo, Fátima Lo disse que a decisão soberana do júri do caso foi uma “impunidade” ao assassinato do filho e que a família Lo foi "humilhada" pela defesa de Henrique Velozo durante os três dias de julgamento, no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste da capital.
“Foi impunidade. Ontem enterrei meu filho pela segunda vez. Esse é o sentimento. Foi uma tristeza tão grande, porque a gente foi tão humilhado lá... Tão massacrado pela defesa, aquele advogado [do Henrique Veloso] e a bancada dele. Eles tempo todo nos provocavam e humilhava. E a gente não podia falar nada, se manifestar. Eu passei mal, Amanda também”, declarou (veja vídeo acima).
PM que baleou e matou lutador Leandro Lo é solto em SP
“A defesa dele fez um circo, um teatro. São muito bom como atores. E convenceu o júri popular. A humanidade está difícil de acreditar numa conversa dessa, né?”, completou.
Fátima Lo disse que a família vai seguir na busca por Justiça no caso e vai recorrer da decisão do júri tão logo for possível.
“O réu pode mentir. A Justiça deixa ele mentir. Ele mentiu muito, inventou a história dele, orientado pela defesa dele. Inventaram uma história com slides falsos. Que o Leandro deu mata-leão nele, Ezequiel, que só com kimono é possível dar. Foi inventado tudo isso. E o exame de corpo de delito dele [Henrique Veloso] não constatou nada, nenhum arranhão. Já ele matou, chutou, depois foi pro bordel e pro motel. E isso é legítima defesa...”, declarou.
Fátima Lo, mãe do campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, morto pelo PM Henrique Velozo, absolvido pelo crime após três anos de detenção.
Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais
"Agradecer nossos advogados que vão recorrer e sempre estiveram conosco. Agradecer a comunidade do jiu-jitsu que tá sofrendo e chorando com a gente essa impunidade. A gente foi muito humilhado, muito mal tratado e ainda teve essa impunidade. Vamos continuar nessa e recorrer”, disse.
O advogado Cláudio Dalledone Junior, que defendeu o PM no julgamento, afirmou que as provas trazidas ao processo demonstraram que o policial se defendeu do lutador no dia do assassinato.
“Desde o início, a defesa demonstrou, por meio de provas e análises técnicas, que Henrique Velozo agiu em legítima defesa, depois de ser agredido e desmaiado por Leandro Lo”, declarou.
O advogado Cláudio Dalledone Junior, que defendeu o PM Henrique Velozo no julgamento desta semana.
Tomaz Silva/Agência Brasil/Reprodução/TV Globo
“Nada encaixava com a dinâmica real dos fatos. E foi justamente isso que a defesa conseguiu expor ao longo do julgamento. Testemunha após testemunha, mostramos que o próprio conjunto probatório desmontava a versão inicial. A absolvição de hoje é o reconhecimento de que a verdade prevaleceu”, afirmou o advogado Renan Canto, outro membro da equipe de defesa do PM absolvido.
“Leandro Lo foi um grande campeão e isso precisa ser reconhecido. Mas também é necessário reconhecer que, infelizmente, ele foi o responsável por essa tragédia”, declarou Claudio Dalledone.
Libertação
O policial militar Henrique Velozo foi oficialmente solto do presídio militar Romão Gomes na madrugada deste sábado (15). A informação é da Polícia Militar.
Após três dias de julgamento, o PM foi absolvido nesta sexta-feira (14), em São Paulo, pelo assassinato do campeão mundial de jiu-jítsu Leandro Lo, de 33 anos.
O crime foi registrado em 7 de agosto de 2022 dentro do Clube Sírio, no bairro de Indianópolis, na Zona Sul. Leandro morreu após ser baleado na cabeça durante um show. O PM se entregou à Corregedoria e estava preso desde então no presídio militar Romão Gomes.
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O julgamento de Velozo teve início na quarta-feira (12) no plenário 6 do Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste. Os jurados entenderam que o PM agiu em legítima defesa, tese defendida por seus advogados (veja detalhes abaixo).
"A Justiça prevaleceu e o arbítrio foi afastado", afirmou Cláudio Dalledone Jr, advogado de defesa do policial sobre o resultado do júri.
Ao g1, Fátima Lo, mãe de Leandro Lo, afirmou que irá recorrer à decisão, "pois não teve justiça". João Carlos Calsavara, promotor responsável pela denúncia do Ministério Público contra Velozo, definiu o júri como "complicado, com nulidades" e que acredita que a decisão será anulada.
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O policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, preso por ter matado o campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo, em agosto de 2022.
Reprodução/Instagram
Denúncia contra o PM
Em setembro de 2022, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público contra o policial e o tornou réu por homicídio triplamente qualificado.
As qualificadoras colocadas foram: por motivo torpe; com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; e à traição, de emboscada.
No dia 23 de maio de 2023 foi realizada a primeira audiência de instrução. A Justiça ouviu pela primeira vez o policial militar que, segundo o advogado de defesa, Claudio Dalledona, explicou "todos os pontos que lhe diziam respeito e que motivaram a ação defensiva".
Como foi o júri
O primeiro dia de júri popular terminou por volta das 22h de quarta-feira (12), com duas testemunhas de acusação ouvidas.
A expectativa da Promotoria era de que o policial fosse condenado a pelo menos 20 anos de prisão, em razão das três qualificadoras do crime. Conforme a acusação, Henrique quis atirar na cabeça da vítima, que chegou a ser socorrida e levada para um hospital, onde morreu.
Foram ouvidas nove testemunhas, entre aquelas da acusação e da defesa, além do acusado. Depois ocorreram debates entre os promotores do MP e assistentes da acusação e os advogados de Henrique. Já Henrique foi ouvido nesta sexta-feira (14).
Ao menos quatro dos sete jurados (cinco mulheres e dois homens) votaram para absolver o acusado. A sentença, então, foi dada pela juíza Fernanda Jacomini, da 1ª Vara do Júri.
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.FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/11/15/enterrei-o-leandro-pela-2a-vez-foi-impunidade-diz-mae-de-leandro-lo-sobre-julgamento-que-absolveu-pm-que-matou-no-lutador.ghtml