Reforma da Marquise do Ibirapuera atrasa; Urbia pede mais prazo e R$ 15 milhões a mais para concluir obra

  • 30/06/2025
(Foto: Reprodução)
Reforma de R$ 71,9 milhões foi iniciada em março de 2024 e deveria ser entregue em julho deste ano. Mas concessionária pediu mais seis meses de prazo, com aumento dos custos para R$ 86,9 milhões. Museu fechado desde setembro também pede ressarcimento de R$ 7,1 milhões em prejuízos à gestão Nunes. Reforma da Marquise do Ibirapuera atrasa; Urbia pede mais prazo e R$ 15 milhões a mais para concluir obra Sem conseguir terminar a reforma da Marquise do Parque Ibirapuera no prazo contratual de 16 meses, a concessionária Urbia Gestão de Parques - responsável pela conservação da área - pediu mais prazo e mais dinheiro à Prefeitura de São Paulo para concluir a reforma do espaço. A revitalização da área começou em março de 2024 pelo preço de R$ 71,9 milhões e deveria ser concluída agora, no final do mês de julho. Mas documentos obtidos pelo g1 apontam que a empresa que administra o Ibirapuera não vai conseguir entregar a reforma no prazo e quer estender o cronograma de obras para o fim de dezembro. Com a repactuação pedida pela concessionária, o valor deverá subir para R$ 86,9 milhões e o prazo de entrega para 22 meses. Isso significa um acréscimo de R$ 15 milhões no valor inicial da reforma, alta de quase 21% no preço inicial do contrato. Segundo documento da Urbia enviado à Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA), a empresa Construcap – responsável pela obra e dona da própria Urbia – encontrou “vícios ocultos” que não estavam no projeto de reforma original e que necessitam de ampliação do prazo e dos custos da obra. “Após o início das obras, a situação encontrada na Marquise após a demolição do forro e das camadas de impermeabilização existentes (vícios ocultos), com a necessidade de incremento das demolições, adequação do projeto de reforço estrutural e adequação de solução para recuperação da tubulação de águas pluviais”, diz o documento. “Por fatos não imputáveis à Urbia, o prazo inicialmente estabelecido para execução das obras da Marquise – 16 (dezesseis) meses – se tornou inexequível e necessitará ser repactuado”, disse a concessionária no documento (veja abaixo). Carta da Urbia enviada à Secretaria do Verde e Meio Ambiente, sobre o cumprimento dos prazos de reforma da Marquise do Ibirapuera. Montagem/g1/Reprodução Segundo os documentos, os problemas apresentados na carta enviada à Secretaria do Verde em 14 de fevereiro são de conhecimento da pasta desde o ano passado. Mas a aprovação das intervenções necessárias para corrigir o problema nos órgãos de preservação (Conpresp, Condephaat e Iphan) atrasaram o cronograma de trabalho. A Marquise do Parque Ibirapuera apresenta problemas desde 2017 e foi total interditada em 2020 pela Justiça, em razão de quedas de pedaços do forro que comprometiam a segurança dos frequentadores da área. Em 2022, a Justiça deu o prazo final de três anos (que vence justamente neste ano) para que a prefeitura terminasse a obra. Depois de muita discussão sobre o projeto de reforma, a gestão do então secretário do Verde, Rodrigo Ravena, resolveu repassar a responsabilidade da reforma da Marquise à concessionária Urbia, por meio de um aditivo no contrato de concessão do Parque autorizado pelo Tribunal De Contas. A justificativa na época é que a Urbia – através da Construcap – tinha oferecido desconto de 5% no valor global da reforma e reduzido o prazo de entrega de 18 para 16 meses. “A Concessionária manifestou interesse em fazer a obra em condições teoricamente melhores a mesma obra. Eles manifestaram interesse em realizar em tempo menor, reduziram o tempo de 18 para 16 meses e eu acredito que eles consigam fazer em menos tempo. Porque eles tão gerindo o parque. Eles apresentam o desconto de 5% sobre o valor global da obra e abrem mão do reequilíbrio dos prejuízos da marquise fechada. É um desconto razoável e tentando pensar um pouco fora da caixinha, dos modelos tradicionais de gestão”, disse o secretário da época ao SP1 (veja vídeo abaixo). Prefeitura de SP quer que concessionária assuma restauração da marquise do Ibirapuera A assinatura do acordo e início da reforma com a Urbia foi feito em um evento, em fevereiro de 2024, com a presença do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Na ocasião, ele chegou a exaltar que o acordo com a concessionária do parque era vantajoso para a prefeitura. “A gente chegou num bom entendimento em que a Urbia nos concedeu 5% de desconto, tornando o valor do serviço mais vantajoso e dentro de um contexto do executivo, concessionária e o Tribunal de Contas a gente chegou nesse bom termo”, declarou Nunes no início de 2024. Porém, com o novo aditivo solicitado, a obra está ficará mais cara e vai precisar de mais tempo para ser concluída e o ganho inicial foi totalmente dissolvido pelos aditamentos. Prefeito Ricardo Nunes (MDB) assina autorização para início da reforma da Marquise do Ibirapuera em 29 de Fevereiro de 2024, pelo valor de R$ 71,9 milhões. Divulgação/Secom/PMSP O que dizem os envolvidos A Urbia afirma que o atraso e os aditivos são normais e que as obras vão ser entregues no primeiro semestre do ano que vem. "Eu acredito que não houve falha. É normal para as obras quando você começa as demolições você encontra situações diferentes daquela que estão naquele projeto executivo", diz Samuel Lloyd, diretor da Urbia. "A gente agora aguarda então a assinatura de um novo aditivo que compreende as mudanças solicitadas no escopo pelos órgãos de tombamento para que a obra seja concluída", completa. O secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Rodrigo Ashiuchi, afirma que a Prefeitura teve desconto na obra, apesar de ela ter ficado mais cara. "O desconto dado no projeto original ele se manteve, a questão dos 5%. O problema é que no decorrer da obra, se viu a necessidade de serviços adicionais por conta dos órgãos de patrimônio histórico, então esses serviços originais, que são serviços novos, têm um custo a mais dentro do projeto. Mas aquele projeto inicial, feito lá atrás, antes da gente saber de mais demandas por conta do próprio patrimônio, por conta de ser uma obra tão importante, com assinatura do Oscar Niemeyer, por isso que teve esse acréscimo ao longo do tempo", diz. Prejuízos milionários ao museu Fachada do Museu de Arte Moderna (MAM), dentro do Parque do Ibirapuera, sob a marquise. Rovena Rosa/Agência Brasil Outro problema são os prejuízos para o Museu de Arte Moderna (MAM), que fica na área da Marquise e está fechado desde setembro de 2024. Inicialmente, a área do MAM deveria ficar interditada até janeiro de 2025, mas a reforma do trecho foi prorrogada uma 1ª vez para julho e a promessa era que o museu voltasse a ser aberto ao público em agosto de 2025. Porém, com o aditamento solicitado pela Urbia Parques, o museu deve continuar fechado até o fim do ano. Segundo os documentos que o g1 teve acesso, a diretoria do MAM enviou carta ao atual secretário do Verde, Rodrigo de Souza Ashiushi, e informou em 6 de março que não tem condições mais de manter a área fechada sem ajuda do município. Site do Museu de Arte Moderna (MAM), no Parque do Ibirapuera, fala do acordo com a Secretaria do Verde para manter o museu fechado até julho de 2025. Reprodução O MAM alega que, entre agosto de 2024 e julho de 2025, o prejuízo acumulado com o museu fechado foi de mais de R$ 7,1 milhões. Esse valor não incluiu os seis meses que o museu pode ainda ficar fechado em razão do atraso da Urbia em entregar a marquise pronta. “O MAM enfrenta prejuízos financeiros decorrentes do fechamento de seu espaço, incluindo a perda de receitas operacionais da Bilheteria, Restaurante, Loja, Cursos em modalidade presencial e Eventos no período de agosto de 2024 a julho 2025. Além disso, houve a interrupção de aportes de patrocinadores, que aguardam a volta das atividades no local para retomar os investimentos. Além disso, houve a interrupção de aportes de patrocinadores, que aguardam a volta das atividades no local para retomar os investimentos.”, afirmou a carta. “Assim, a expectativa é que a SVMA assuma os custos relacionados à mudança, adaptação dos equipamentos sobre a Marquise e demais obras necessárias para a reinstalação, além de indenizar o MAM pela perda de receitas operacionais no período de fechamento, mitigando, assim, os impactos causados pelo Município ao Museu. O valor estimado para tais itens é de cerca de R$ 4,45 milhões. os quais, acrescidos às perdas financeiras causadas pelo fechamento do Museu, chegam ao total estimado de R$ 7,15 milhões”, declarou a presidente da Diretoria, Elizabeth Machado. Diretoria do MAM envia carta para o secretário do Verde pedindo ressarcimento dos prejuízos causados pelo fechamento do Museu que fica sob a Marquise do Parque do Ibirapuera. Reprodução A Marquise do Ibirapuera existe desde 1954 e foi projetada pelos arquitetos Oscar Niemeyer, Hélio Uchoa Cavalcanti, Eduardo Kneese de Mello e Zenon Lotufo. Além de servir como conexão entre os pavilhões, o local de 27.000 m² reúne pessoas de diferentes idades praticando esportes e dança. Justiça determina que Prefeitura de SP assuma obras da marquise do Ibirapuera Vista aérea da marquise do Parque Ibirapuera, na Zona Sul de São Paulo. Reprodução/PMSP/Instagram Veja, abaixo, a cronologia dos acontecimentos: 🗓️1954 - Ano em que a estrutura de 27 mil m², projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, é inaugurada. Tornou-se símbolo do parque e da cidade de São Paulo, sendo muito frequentada por patinadores e skatistas que usavam seu piso liso para a prática do esporte. 🗓️1987 - A marquise passa por uma reforma pequena que contemplou: impermeabilização, correção de trincas, revisão elétrica e pintura. 🗓️2012 - A presença de infiltrações, trincas, fissuras e o rompimento de cabeça de diversos pilares faz parte da justificativa técnica para uma nova reforma maior, no valor de R$ 14,4 milhões. 🗓️2014 - Ocorre a queda de parte de uma estrutura chamada platibanda, uma espécie de moldura da área superior da marquise. 🗓️2017 - Um pedaço do revestimento do teto desaba, perto de um skatista. Frequentadores passam a evitar o local. 🗓️2018: Laudo de vistoria aponta vários danos estruturais com “elevado potencial de corrosão”. Técnicos apontam que a estrutura poderia “colapsar a qualquer momento”. 🗓️2019: A Secretaria do Verde e Meio Ambiente alerta a prefeitura que é "urgente a realização de obras emergenciais", por conta do risco à segurança pública. A pasta realiza orçamento para os custos da obra, mas afirma não ter disponibilidade de recursos próprios para a intervenção. O Parque Ibirapuera é concedido à empresa Urbia por R$ 70 milhões, com previsão de mais R$ 65 milhões de investimento em obras, mas a reforma da marquise fica de fora do contrato. Parte a estrutura da marquise é interditada por conta das infiltrações. 🗓️2020: A Justiça determina a interdição total da marquise, baseada nos riscos apontados na vistoria de 2018. Ação foi movida por associação de moradores. Prefeitura libera R$ 723 mil do orçamento para o projeto de reforma. 🗓️2021: A prefeitura lança edital para os projetos básico e executivo que nortearão a reforma. Empresa OfficePlan é escolhida, e assina contrato no valor de cerca de R$ 500 mil, com prazo de entrega dos projetos até agosto de 2022. Marquise do Ibirapuera interditada, em foto de 2022. Marina Pinhoni/g1 🗓️2022: Justiça determina que gestão municipal conclua a reforma da marquise em até 3 anos. Na sentença, o juiz Fausto Ferreira argumenta que estudos demonstram a situação precária, bem como "comprovam a inércia do poder público municipal, considerando o aumento da degradação e dos riscos decorrentes da não realização de reparos ao longo dos anos". O prazo para entrega dos projetos para a reforma vence, mas empresa aponta dificuldades burocráticas de aprovações pelos órgãos de patrimônio, e pede adiamento. 🗓️2023: Prefeitura considera que projeto executivo apresentado pela OfficePlan não é satisfatório, e rescinde unilateralmente o contrato com a empresa que realizaria os projetos básico e executivo para a reforma. Prefeitura lança edital para início das obras, já considerando que a nova empresa escolhida também deverá realizar o projeto executivo. TCM suspende o edital, após apontar inconsistências e sobrepreço em itens do orçamento. Segundo o tribunal, ao todo, o desperdício de dinheiro público poderia ultrapassar R$ 7 milhões. A Urbia, concessionária do parque, se oferece para assumir a obra por meio de um aditamento no contrato de concessão. As vantagens seriam diminuição do tempo final da reforma de 18 para 16 meses; desconto de 5% em cima do valor estipulado inicialmente no edital; e abrir mão de exigir compensação por possíveis prejuízos causados à empresa durante a interdição da marquise. TCM aponta que Prefeitura deve abrir novo processo administrativo caso queira que a Urbia assuma a obra da marquise por meio de aditamento no contrato de concessão do parque, o que invalidaria o edital de concorrência para a reforma. 🗓️2024: No dia 8/01, forte chuva atinge a cidade de São Paulo e derruba estrutura metálica usada para travessia de pedestres na área interditada da marquise. Quatro pessoas ficam feridas. 29/02: Prefeitura assina contrato e autoriza início das obras na Marquise, que fica sob responsabilidade da própria Urbia. 04/03: Construcap inicia obras e prazo de 16 meses para conclusão começa a contar; 09/09: Museu de Arte Moderna (MAM) desocupa o prédio, entrega chaves para a Urbia e SVMA, com previsão de retomada em 15/01/2025. 🗓️2025: 14/02/2025: Urbia envia carta para a Secretaria do Verde informando que não conseguirá cumprir o prazo de entrega por 'vício oculto' da obra. Ela pede mais seis meses de obra e aumento dos custos para R$ 86,8 milhões. 06/03/2025: MAM realiza reunião com o novo Secretário do Verde e Meio Ambiente, Sr. Rodrigo de Souza Ashiushi, na qual a Diretoria do MAM relatou o histórico do assunto e a situação atual do Museu quanto aos impactos operacionais, financeiros e de imagem da reforma da Marquise no MAM. O Sr. Ashiushi solicitou o envio deste resumo para que possa adotar as medidas necessárias visando à obtenção de recursos para a mitigação dos impactos e a realização das obras no edifício ocupado pelo Museu.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/06/30/reforma-da-marquise-do-ibirapuera-atrasa-urbia-pede-mais-prazo-e-r-15-milhoes-a-mais-para-concluir-obra.ghtml


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